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domingo, 23 de janeiro de 2011

Fisioterapeuta improvida tala para ajudar vítima das chuvas no Rio De Janeiro

 No meio do ginásio Pedro Rage Jahara, conhecido como Pedrão, no centro de Teresópolis, onde mais de 280 vítimas da chuva estão alojadas, o professor da Faculdade de Fisioterapia da cidade, Rondineli Barros, improvisa uma tala com uma caixa de papelão. Ele tenta imobilizar a perna de Viviane Aparecida Pereira Gaspar, de 23 anos, que, como outros 1,2 mil moradores, perdeu a casa e recorreu ao abrigo público.

Moradora do bairro do Caleme, uma das regiões mais atingidas de Teresópolis, ela foi jogada contra uma parede pela força da água e depois derrubada de uma escada. Torceu o joelho e o tornozelo, que deveriam ser engessados. Na falta de gesso, o fisioterapeuta, trabalhando como voluntário, teve de usar da criatividade.

Ao lado de Viviane, a aluna do curso técnico de enfermagem Thais Flora trocava os curativos do agricultor Edmar Gregório da Rosa, cuja casa, no bairro de Santa Rita, mesmo distante da encosta e da beira do rio, foi derrubada pela avalanche de terra e mato que desceu de uma montanha. Empurrado pela água, sofreu cortes nos dois pés. Teve arranhões por todo o corpo e um ferimento mais profundo na traqueia.

Mas isto foi pouco perto da perda maior: a mulher, Elieze; o filho Douglas, de 13 anos; e a neta, Larissa, de 1 mês e meio, morreram no acidente. Restaram a ele a filha Letícia, de 20 anos, internada no Hospital das Clínicas - “nem sei o que foi que lhe aconteceu, ninguém passou nada para mim” - e a menor, Kailane, de 4 anos, levada para a casa da tia. “Agora, só posso contar com a ajuda dos amigos para começar tudo de novo. Minhas 40 mudas de alface, que eu colheria semana que vem, se perderam”, lamenta.

Na quadra do ginásio, onde os colchonetes espalhados estão divididos mais ou menos por grupos familiares, as pessoas aguardam a passagem do tempo, sem saber direito como tocar a vida daqui para frente. Dúvida que atormenta a balconista Camila Amorim da Silva, de 22 anos. Ela tenta distrair o filho Daniel, de 2 anos, sob a vista do marido, o comerciário José Joaquim Pereira, de 47 anos. Os três moravam com o filho Miguel, de 3 anos, junto com a família de Camila, em uma casa no bairro Caleme, bastante atingido.

Na hora da chuva, ela só conseguiu carregar Daniel. Não teve tempo de resgatar Miguel, que dormia em outro quarto com os tios Guilherme, de 20 anos; Isabele, de 18; Carolina, de 12; Marcelo, de 7; e Igor, de 6. Todos morreram soterrados, assim como o pai de Camila, José Carlos Gonçalves da Silva.

“Fui nascida e criada ali, nunca houve qualquer risco. Jamais pensei que passaria por uma tragédia como esta, porque a gente vê na televisão, mas não pensa que pode acontecer com a gente. Não tive tempo nem de socorrer o meu outro filho. Ouvi muitos gritos, pedidos de socorro, mas não podia fazer nada porque, se fosse ajudar, eu iria junto. A família foi embora, fica a lembrança”, diz Camila. (Agência Estado)


retirado do site: http://diariodopara.diarioonline.com.br

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